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Após seis anos de espera e luta contra o câncer, jovem é absolvida e morre dois meses depois no RS

A história de Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 27 anos, gerou comoção no Rio Grande do Sul. Presa em 2019 sob acusação de homicídio qualificado e incêndio, ela passou quase seis anos aguardando julgamento — tempo em que também enfrentou uma dura batalha contra o câncer. Em agosto de 2025, o Tribunal do Júri decidiu pela sua absolvição, mas Damaris não viveu o suficiente para aproveitar a liberdade: ela morreu dois meses depois, em outubro, vítima da doença.

Damaris havia sido presa preventivamente em junho de 2019, suspeita de envolvimento na morte de um homem e na queima do veículo da vítima. Segundo a acusação, ela teria atraído o homem até o local onde ocorreu o crime. A defesa sempre negou sua participação e sustentou que Damaris foi injustamente envolvida no caso.

Durante o período em que esteve presa, sua saúde se deteriorou. Em março de 2025, ela recebeu o diagnóstico de neoplasia maligna no colo do útero. Mesmo com o agravamento da doença, a prisão preventiva só foi convertida para prisão domiciliar no mês seguinte, quando o estado clínico dela já era considerado grave.

Antes disso, em novembro de 2024, a Justiça havia negado um pedido semelhante por entender que os laudos apresentados ainda não comprovavam o diagnóstico.

Em agosto, o júri popular de Rio Grande concluiu que Damaris não tinha envolvimento nos crimes e a absolveu por unanimidade. A sentença reconheceu a ausência de provas suficientes e afastou qualquer participação dela no homicídio e no incêndio.

No entanto, a liberdade veio tarde demais. Em outubro de 2025, Damaris faleceu, encerrando uma trajetória marcada por sofrimento, adoecimento e espera por justiça.

O caso levantou debates sobre a duração das prisões preventivas no Brasil, especialmente quando o réu aguarda julgamento por longos períodos e depois é absolvido. Especialistas em Direito Penal destacam que situações como essa mostram a necessidade de revisão do uso prolongado da prisão preventiva, que deveria ser uma medida excepcional, e não regra.

A morte de Damaris também reacende a discussão sobre o acesso à saúde no sistema prisional e o tratamento dado a pessoas em situação de vulnerabilidade. Para muitos, o reconhecimento da inocência veio tarde demais — e o preço pago por essa demora foi a própria vida.

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