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Ausência de líderes na COP30 acende alerta sobre credibilidade e metas climáticas do Brasil

A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), marcada para acontecer em Belém, será um dos eventos ambientais mais importantes da década — e também um dos mais desafiadores. A ausência de alguns líderes mundiais na cúpula que antecede o encontro já preocupa especialistas, que veem o cenário como um sinal de fragilidade política e diplomática diante da urgência climática global.

De acordo com Cláudio Ângelo, coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, a presença ou ausência de chefes de Estado tem um peso simbólico e prático. “Quando líderes não participam, isso pode ser interpretado como falta de prioridade para o tema. E sem eles, fica mais difícil fechar acordos ambiciosos”, explicou em entrevista à CNN Brasil.

O Brasil, país-sede da COP30, está no centro das atenções. O governo comemora avanços, como a redução de 22% nas emissões líquidas de gases de efeito estufa e a queda de 50% no desmatamento nos últimos três anos. Porém, especialistas apontam contradições entre esses números e políticas que ampliam a exploração de combustíveis fósseis, como o plano de aumento da produção de petróleo até 2030 e a possível liberação para perfuração na Foz do Amazonas.

Essas divergências, segundo Ângelo, podem enfraquecer a narrativa de liderança climática que o país busca construir. “O Brasil tem credenciais importantes na agenda ambiental, mas ainda precisa mostrar coerência entre discurso e prática. A expansão do petróleo é incompatível com a transição energética global”, destacou.

Além da presença política, há preocupação com o financiamento climático — um ponto sensível para países em desenvolvimento. A ausência de líderes de grandes economias pode dificultar o avanço em acordos que garantam recursos para combater o desmatamento e acelerar a transição verde em nações que mais sofrem com as mudanças climáticas.

Com enchentes, secas e incêndios florestais cada vez mais frequentes, o mundo espera que a COP30 seja um marco de compromissos concretos. Mas, sem engajamento político à altura, há o risco de o evento terminar com promessas vazias.

Belém, que receberá milhares de representantes internacionais, se prepara para ser o palco das decisões que definirão o futuro climático do planeta — e também o teste de credibilidade do Brasil perante o mundo.

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