Segundo análise da CNN Brasil, entre 2019 e 2025 mais de 60% das 136 instalações chinesas ligadas à produção de mísseis ou à força de foguetes militar apresentaram sinais de crescimento em imagens de satélite. Essas instalações ampliaram-se em mais de 2 milhões de metros quadrados no período.
Em muitos locais, foram identificadas novas torres, bunkers, taludes e até componentes de mísseis, indicadores visuais típicos de produção e teste de armamentos.
Ambições estratégicas chinesas
A expansão é parte integrante da estratégia do Xi Jinping para transformar o Exército Popular de Libertação (EPL) em uma força de combate “de classe mundial”.
Em especial, a Força de Foguetes do Exército Popular de Libertação (PLARF), responsável pelo arsenal de mísseis nucleares e convencionais da China, foi enfatizada como “núcleo de dissuasão estratégica”.
Contexto global e disparidade com os EUA
Enquanto isso, as autoridades dos Estados Unidos enfrentam desafios de abastecimento em munições, sobretudo pela alta demanda em zonas de combate. A China, por seu lado, aprovou um aumento de 7,2% em seu orçamento de defesa para cerca de US$ 245 bilhões, mantendo quatro anos consecutivos de crescimento superior a 7%.
Especialistas alertam que o ritmo acelerado de expansão do arsenal chinês exige atenção global, pois pode alterar o equilíbrio estratégico internacional.
Foco na região do Estreito de Taiwan
O relatório identifica que a produção ampliada de mísseis chineses se conecta diretamente a possíveis cenários envolvendo a Taiwan.
As armas permitem à China criar uma “bolha de negação de acesso”, de modo a impedir ou dificultar o apoio externo à Taiwan caso haja um conflito.
Lições da guerra moderna
A invasão russa da Ucrânia em 2022 tem sido considerada um “momento decisivo” para a China. Foi observada uma taxa quase duplicada na expansão das instalações de produção de mísseis chinesas nos dois anos seguintes ao início da guerra.
Segundo especialistas, a China está atenta às lições dessa guerra — especialmente o uso de armas de saturação e mísseis de precisão — e adapta sua estratégia em resposta.
Desafios internos e pano de fundo
Mesmo com o crescimento visível, a China enfrenta obstáculos operacionais, como uma campanha anticorrupção dentro dos altos escalões militares, que levantou questões sobre a confiabilidade da estrutura de comando da força de mísseis.
Por que isso importa para o Brasil e o mundo
A ascensão da China como potência militar afeta o equilíbrio geopolítico global, com implicações para alianças, comércio e segurança. Para países da América Latina, inclusive o Brasil, mudanças no poder e nos interesses estratégicos asiáticos podem refletir em diplomacia, investimentos e parcerias militares. A militarização acelerada pode aumentar o risco de escaladas de conflito, exigindo dos países uma resposta diplomática e de política externa mais ativa.
Conclusão
A análise da CNN revela que a China não está apenas aumentando seu arsenal, mas também acelerando a capacidade de produção em grande escala — um movimento estratégico que pode redesenhar o panorama de segurança global nas próximas décadas. A comunidade internacional precisa observar de perto não apenas quantos mísseis são produzidos, mas como esses sistemas são integrados às doutrinas militares, alianças e estratégias de contenção.






