O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, foi direto: os Complexos da Penha e do Alemão deixaram de ser apenas redutos do tráfico carioca — e se transformaram no quartel-general nacional do Comando Vermelho.
A declaração, feita após uma megaoperação policial, revela o tamanho da influência que essas comunidades exercem hoje sobre o crime organizado no país.
Segundo Curi, é dos morros cariocas que partem as ordens, decisões e estratégias da facção para outras regiões do Brasil. O que antes parecia um problema localizado, agora se mostra uma estrutura de comando que conecta o Rio a diferentes estados, movimentando drogas, armas e dinheiro em escala nacional.
A operação que desencadeou essa descoberta envolveu mais de 2.500 agentes e teve como alvo 26 comunidades da Zona Norte. O resultado impressiona: centenas de armas apreendidas, toneladas de drogas e um mapa do poder criminoso que escancara o desafio da segurança pública no país.
Mas o caso também levanta dúvidas. Entidades de direitos humanos questionam a letalidade da ação e pedem transparência nas investigações. Em meio ao confronto, quem sofre mais uma vez são os moradores das favelas, que vivem sob a sombra do medo — seja do crime, seja da bala perdida.
O fato é que o Comando Vermelho consolidou uma base estratégica nos complexos do Alemão e da Penha. E isso muda tudo. A guerra não é mais apenas entre polícia e traficantes; é uma disputa de poder que atravessa fronteiras e expõe a incapacidade do Estado de retomar territórios há décadas dominados.
Enquanto o governo fala em novas estratégias e operações, a pergunta que fica é: como desmantelar um império criminoso que se tornou parte da engrenagem social do Rio?






