O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, alcançou nesta terça-feira (2) a marca histórica de 161.092,25 pontos, renovando tanto sua máxima intradia quanto de fechamento.
Mas apesar da bonança aparente, a alta recente reforça uma característica estrutural preocupante: a forte concentração do índice em poucas empresas. De acordo com a comentarista de economia da CNN, Rita Mundim, apenas cinco ações — de quatro empresas — respondem por cerca de 34 % da composição do Ibovespa: Vale, Itaú Unibanco, Petrobras (ON e PN) e Bradesco.
Esse perfil concentra o desempenho da bolsa — o resultado, positivo ou negativo, de poucas empresas tende a ter impacto exagerado sobre o índice como um todo.
Além disso, a própria dinâmica de composição do Ibovespa pesa contra uma ampla diversificação: o índice privilegia liquidez — ou seja, empresas com alto volume de negociação — em vez de adotar como critério principal o valor de mercado ou a representatividade setorial.
Por fim, a redução do número de empresas listadas na bolsa pode acentuar esse efeito. Desde dezembro de 2021, várias companhias deixaram a listagem, diminuindo a variedade de papéis disponíveis. Com isso, exportadoras e empresas de commodities, além de bancos — que têm boa liquidez — tornaram-se os principais motores da valorização do Ibovespa.
Em outras palavras: embora o recorde do Ibovespa reflita um contexto favorável de mercado e atraia investidores, a concentração traz riscos de correções abruptas, especialmente se os setores dominantes forem afetados por choques econômicos, regulatórios ou externos.






