A Venezuela costuma ser vista como uma das nações mais militarizadas da América do Sul. Em meio às recentes tensões políticas com os Estados Unidos e com a Colômbia, o país de Nicolás Maduro volta aos holofotes — mas afinal, qual é o verdadeiro poder do arsenal militar venezuelano?
Segundo o Global Fire Power, a Venezuela ocupa atualmente o 50º lugar entre mais de 140 países no ranking mundial de poder militar. À primeira vista, a posição pode impressionar, mas especialistas apontam que a realidade é bem diferente do que mostram os números.
O país conta com cerca de 150 mil militares ativos, entre Exército, Marinha e Força Aérea, além de um contingente expressivo de milicianos e forças paramilitares. O arsenal inclui cerca de 229 aeronaves, 172 tanques e mais de 8 mil veículos blindados e logísticos. No mar, a Marinha mantém 34 embarcações ativas, incluindo um submarino e dezenas de navios de patrulha.
Grande parte desse equipamento, porém, tem origem russa e soviética — muitos modelos datam de décadas passadas. A dependência da Venezuela de parceiros como Rússia, China e Irã também afeta diretamente a manutenção e o abastecimento de suas forças.
Fontes ligadas à defesa apontam que muitos tanques e aviões estão fora de operação, seja por falta de peças, seja por ausência de combustível. Na prática, o país mantém um arsenal numeroso, mas com capacidade operacional limitada.
Ainda assim, o governo Maduro mantém uma retórica de “resistência e soberania”, e investe em programas de mobilização civil e militar, que preveem até 4 milhões de reservistas. A estratégia seria mais voltada à defesa interna e ao controle político do que à projeção de poder fora das fronteiras.
Em um eventual confronto direto com uma potência militar como os Estados Unidos, a Venezuela teria poucas chances de resistir em um combate convencional. Contudo, seu terreno montanhoso, a capacidade de guerrilha e o envolvimento de milícias poderiam sustentar um conflito prolongado.
Em resumo: a Venezuela tem um arsenal considerável — mas longe de representar uma ameaça real às grandes potências. O poder militar de Maduro parece ser, acima de tudo, um instrumento político interno, usado para garantir o controle e demonstrar força, mesmo que essa força seja, em grande parte, simbólica.






